
Nesta segunda parte da entrevista ao Padel 365, Catarina Santos fala de quais são os seus objetivos para 2024, dos motivos que levam a jogadora do Porto a trocar regularmente de lado no court, do que considera que falta para que surjam mais mulheres a competir a nível internacional e admite qual foi a importância de ir treinar para Madrid: “Eu dei um salto em Espanha que, em Portugal, nunca teria conseguido dar.”
Quais são as suas referências no padel?
Não sei… Não me identifico com ninguém. Procuro sempre identificar-me mais pela atitude e pela mentalidade. Nas raparigas, gosto muito da Ari [Sánchez], da Ana Catarina Nogueira…
Nos circuitos internacionais, vemos cada vez se vez mais suecas, francesas e italianas a conseguirem intrometer-se entre as argentinas e espanholas, mas o mesmo não parece estar a acontecer com as portuguesas…
Antes de começar a jogar em Portugal, achava que eram sempre as mesmas pessoas e os mesmos resultados. Agora, não é que seja muito diferente, mas acho que há mais gente. Temos miúdas a quererem jogar FIP e acho que o meu exemplo é forte. O problema é que as mulheres têm sempre muitas dúvidas. Acham que a Ana Catarina e a Sofia Araújo já nasceram a jogar assim. Não têm noção do processo. Pensam que é impossível chegar a um patamar alto. Faltam dinâmicas, onde se explique o processo. Não é um cliché, é mesmo verdade: isto é trabalho. Nas raparigas, falta dar o exemplo e explicar o caminho, para aparecerem mais. Muitas falam comigo e ficam admiradas como passei rapidamente do nível 2 para a seleção… Pensam que foi um milagre.
E como é que lhes explica esse “milagre”?
Explico que me aplico a 100% todos os dias. Treino todos os dias, descanso, como e faço as coisas bem. Há momento difíceis e dúvidas, mas nesses momentos é preciso pensar qual é o objetivo principal. Sempre à base de trabalho, porque só isso nos faz ser melhores. Essa é a realidade. Muitas miúdas não acreditam – talvez por não terem próximo quem tenha evoluído muito -, e não têm motivação suficiente. Nas mulheres, isso nota-se mais.
Tirando a Sofia Araújo e a Ana Catarina, a curto ou a médio prazo é quase impossível voltar a ter alguém chegar a um top-50?
Espero que seja eu… (risos). A verdade, é que é muito complicado. Há nível e o nível não está assim tão longe. O top-100 não é inalcançável, mas é preciso jogar os torneios. É como irmãos Deus. Têm mais do que nível para estar lá, mas pelo ranking e pelos pontos, não conseguem. É preciso procurar as oportunidades e jogar todos os FIP’s. Em dois ou três anos, podemos conseguir ter novas jogadoras no top-80…
Para conseguir isso, ainda é necessário ir para Espanha treinar?
Eu dei um salto em Espanha que, em Portugal, nunca teria conseguido dar. Está toda a gente em Espanha e eu, estando numa Academia onde estão 100 jogadores, basta olhar para a direita ou para a esquerda e perguntar quem quer jogar um FIP. Em Portugal há pouca gente com esse objetivo…
E é fácil ser-se profissional de padel em Portugal?
Dou uma hora e meia de aulas na escola de competição do meu clube, o 88 Padel House… E é importante estar lá, porque as raparigas e os rapazes ouvem-me. É importante ter alguém com experiência. Faz com que acreditem mais e fiquem com a noção do que é preciso. No resto do tempo, só jogo padel. Considero-me profissional.
Que conselhos dá aos seus alunos?
Sinto que posso ajudá-los nas rotinas. É uma escola de competição de miúdos e, acima de tudo, eles devem divertir-se. Se conseguirem aliar isso com a aplicação para irem dando saltos, é o mais importante. E é muito importante ter a abertura para falar sempre com eles. E que eles nos perguntem coisas.