
A ação de fiscalização foi realizada pela Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) na terça-feira, dia do arranque Open Crédito Agrícola, torneio social organizado pelo Great Padel, e, segundo Francisco Mota, CEO do clube de Vila Verde, pode “colocar em causa a sustentabilidade financeira dos clubes”.
Apesar de ter apresentado à ASAE a documentação que comprova o cumprimento de toda a legislação em vigor, o responsável pelo clube minhoto refere que a entidade alega que, mesmo sendo um torneio social, este teria de ter a autorização e a homologação da Federação Portuguesa de Padel. Garantindo ter a lei do seu lado, uma vez que o evento “não obriga os atletas a terem qualquer inscrição na federação” e foi organizado “em espaços privados e por uma entidade privada devidamente licenciada”, para além de “a atividade do padel em Portugal não obrigar a que os clubes sejam associados da federação”, Francisco Mota adianta ao Padel 365 que já questionou a Federação Portuguesa de Padel, com o objetivo de saber se organismo vai “defender os clubes e deixar claro que estas são provas importantes para o desenvolvimento da modalidade”.
Para Francisco Mota, o entendimento da ASAE não “tem sustentabilidade do ponto de vista legal”, mas pode “colocar em causa o próprio desenvolvimento da modalidade”. “É nos torneios sociais e nos clubes, enquanto polos dinamizadores do padel, que está assente o crescimento que tem existido no padel nos últimos anos em Portugal”, alerta.
O CEO do Great Padel adianta já ter respondido a “todos os pedidos que foram feitos pela ASAE”, estando a cumprir “escrupulosamente com tudo o que foi pedido, como licenças, pagamentos das inscrições ou seguros, com exceção dos diplomas do juíz-árbitro, porque a federação nunca os enviou e já foram pedidos mais do que uma vez”.
Porém, a grande preocupação vem do entendimento que a ASAE pode ter sobre a responsabilidade que a FPP tem na autorização e homologação de torneios sociais. Salientando que no próximo fim-de-semana na mesma região “existem oito torneios similares” e que se fiscalizam um, “terão de fiscalizar todos os outros que existem por todo o país”, Francisco Mota sublinha que “o que a lei diz, e sobre isso não há dúvidas, é que a FPP, como qualquer outra federação desportiva, tem ao seu encargo e à sua responsabilidade a homologação e organização das provas oficiais, como campeonatos nacionais e similares”.
A passagem para a alçada federativa da homologação e da autorização de todos os eventos que os clubes organizam seria, para Francisco Mota, incomportável: “Como é que humanamente e tecnicamente, a FPP conseguiria operacionalizar uma situação destas? Uma coisa é programar os seus torneios e a sua atividade, e mesmo assim fazem alterações de provas de semana a semana. Imaginem o que seria replicar isto, com todos os torneios sociais promovidos pelos clubes, que muitas vezes são marcados com um mês ou quinze dias de antecedência e não têm uma programação anual. Seria impossível. Isto teria um impacto dramático para o padel português.”
Francisco Mota lembra que é “nos torneios sociais que os jogadores ganham o ‘bichinho’ pelo padel. Se colocarem esta burocracia brutal nas provas, colocam em causa a sustentabilidade financeira dos clubes. Seguindo este raciocínio, qualquer prova organizada por um clube entrava neste enquadramento, fossem non stops, atividade de team bulding, etc, etc. A acontecer isto, terá de ser questionado o que ganham os clubes em serem filiados da federação, se têm de estar sujeitos a todos estes constrangimentos? E isso colocaria em causa a própria federação, que existe por ter os seus associados. Sem clubes, não há federação”.
Embora esteja convicto de ter a razão e a lei do seu lado, Francisco Mota revela que já procurou saber qual é o entendimento que a FPP tem sobre o assunto. “Já questionamos a federação e pretendemos um esclarecimento cabal sobre o lado da história em que federação se vai colocar. Se irá criar mais burocracia e dificuldades para a prática do padel em Portugal ou se vai defender os clubes e deixar claro que estas são provas importantes para o desenvolvimento da modalidade”, conclui.