Um grupo de moradores de prédios contíguos ao terreno para onde está projetado a construção da Cidade do Padel enviou uma carta, a que o Padel 365 teve acesso, para a Câmara Municipal de Oeiras, a Junta de Freguesia local e para a Federação Portuguesa de Padel a contestar a localização do projeto do qual Cristiano Ronaldo é sócio. Segundo os signatários do documento, para além dos níveis de ruído que a atividade vai gerar, pode haver um conflito “com os projetos de expansão do parque escolar”, será afectado na Mata do Jamor “um ecossistema já de si ameaçado pelo déficit hídrico”, será “aumentando o tráfego numa zona habitualmente já muito congestionada” e “o parque de estacionamento existente no local” já “se encontra esgotado pelos moradores desta área residencial”.

Cerca de duas semanas depois de a FPP anunciar que o consórcio formado pela CR7, empresa do futebolista português Cristiano Ronaldo, e pela Lusofinança, cujo principal accionista é Filipe de Botton, tinha sido a única candidatura apresentada, sendo, por isso, a escolhida para desenvolver um projeto que implicará um acordo para os próximos 20 anos, renovável por dois períodos sucessivos de cinco anos, a localização da Cidade do Padel está a ser alvo de contestação por parte de moradores de Linda-a-Velha.

Na carta a que o Padel 365 teve acesso e que está assinada por vários moradores de prédios contíguos ao terreno para onde está projetado o projeto, pode ler-se que os mesmos expressam “preocupações quanto à adequabilidade da localização escolhida”.

Alertando que “têm no concelho de Oeiras e noutros, sido contestados vários projetos de campos de padel, alguns até próximos da zona agora em causa, devido aos níveis de ruído gerados pela atividade”, os signatários da carta recordam que o “Presidente da Câmara de Oeiras, Isaltino Morais, na Assembleia Municipal n.°- 03/2022”, reconheceu “que estes equipamentos não devem estar próximos de áreas residenciais”.

“Estamos ainda apreensivos pelo facto de o terreno em que se pretende desenvolver o projeto ser contiguo à escola sede do Agrupamento de Escolas do Alto de Santa Catarina e conflituar com os projetos de expansão do parque escolar já conhecidos: o novo Centro Escolar de Linda-a-VeIha que prevê a instalação de uma unidade de Pré-escolar (3 salas) e 1ᵉ Ciclo (12 salas). Esta situação configura uma potencial infração ao quadro legal relativo a ruído ambiente do Decreto-lei n.° 9/2007, de 17 de janeiro”, pode ler-se no documento, que tem a data de 25 de Setembro.

São ainda colocadas questões de ordem ambiental, uma vez que o local é “um espaço sensível também pela sua proximidade à Mata do Jamor, uma vez que o terreno em questão é uma zona de infiltração das águas da chuva, que alimentam superficialmente e subsuperficialmente a encosta nascente da mata ate ao Rio Jamor. 0 nível de impermeabilização do terreno que o projeto em questão prevê, vai afetar um ecossistema já de si ameaçado pelo déficit hídrico e pelas ondas de calor que se têm vindo a verificar, em consequência das alterações climáticas”.

Os moradores alertam também “que se trata da zona de Linda-a-Velha mais distante da A5, implicando que os atletas e restantes frequentadores do equipamento que vêm do nó desta via, atravessem toda a localidade para Iá chegarem, aumentando o tráfego numa zona habitualmente já muito congestionada e introduzindo dificuldades de acesso ao espaço. lgualmente prejudicados por este acréscimo de movimento serão os moradores da Cruz- Quebrada/ Dafundo, pelos acessos preconizados pela EN6 (Estrada Marginal)”.

A terminar, é dito que “outro motivo de preocupação é o estacionamento local, seja em dia de atividade regular, seja em dia de competições nacionais/ internącionais em que serão utilizados o recinto maior (com capacidade para 2.000 pessoas) e o recinto menor (com capacidade para 500 pessoas)”. “Esta preocupação é legítima uma vez que o parque de estacionamento existente no local (com capacidade para 160 lugares) já se encontra esgotado pelos moradores desta área residencial”, explicam.

Desta forma, embora reconheçam “a importância estratégica deste investimento para o concelho”, os moradores solicitam “que seja considerada a sua localização noutro local, mais adequado ao projeto que se pretende desenvolver”.

“Acreditamos no compromisso deste executivo camarário com a qualidade de vida dos cidadãos do concelho e estamos certos que as nossas preocupações serão tidas em conta”, pode ler-se no final da carta.