 
                A escolha da raquete é, para muitos, uma dor de cabeça. Há quem compre sem saber qual a melhor opção para o seu estilo de jogo. Há quem tenha encontrado a raquete ideal, mas depois vê esse modelo ser descontinuado. Mas há também quem continue à procura do “match” perfeito. Numa indústria cada vez mais agressiva, onde um marketing forte muitas vezes leva a que se tome a decisão errada, Frank Gómez optou por criar uma marca “diferente, porque cada jogador é diferente”.
Revelando uma grande “paixão” pela modalidade, este espanhol começou a jogar há cerca de 20 anos e, no início, “comprava seis a sete raquetes” por ano para as “experimentar”. Em 2018, quando já estava a trabalhar no mercado, Frank Gómez optou por criar a própria marca, que procura oferecer aos seus clientes algo inovador: as raquetes, fabricadas em Espanha, são feitas à medida de cada jogador. Com cerca de 300 possíveis combinações resultado de diferentes moldes, gomas e estruturas, a GF Padel oferece uma invulgar ligação direta com o cliente, que, dessa forma, pode definir qual a raquete que quer, podendo ainda optar por diferentes cores e personalização.
Tudo isto, a preços bem inferiores aos que habitualmente são praticados em raquetes feitas em Espanha – os valores na GF Padel oscilam entre os 175 e os 185 euros. Como é possível? Em entrevista ao Padel 365, Frank Gómez explica que consegue a melhor “relação qualidade/preço” fazendo venda direta ao cliente, “sem o pagamento de intermediários ou de comissões”.
Como começou a sua ligação ao padel?
Comecei a jogar padel há cerca de 20 anos e, no início, jogava três a quatro vezes por semana. Trabalhava 12 horas por dia, saía às 22h e ia jogar em campos descobertos, até quando estava doente, tal era o vício. Jogava com muitas raquetes e comprava seis a sete por ano de diferentes marcas. Gostava de experimentar. Na altura participava num fórum que havia em Espanha, chamado Padel Info, que penso que já não existe. Aí, comecei a falar com donos de marcas, com que fiz amizade. Conversando com eles fui aprendendo. Inicialmente comecei por trabalhar numa marca chamada Fakun. Depois de venderem a fábrica, resolvi criar a minha própria marca e, em Junho deste ano, cumpre-se seis anos que criamos a GF Padel. Os únicos donos da marca sou eu e a minha mulher. É tudo feito entre os dois. 
Por que motivos optou por montar a sua própria marca?
Iniciei esta projeto de forma algo egoísta, confesso. Se colocava dinheiro para fazer raquetes e tinha já uma carteira de clientes, para quê pagar uma comissão? Optei por fazer a minha própria marca e ficar com o benefício por inteiro para mim. Isso permitia-me ainda fazer o que quisesse. Assim, tinha a possibilidade de usar os melhores materiais e produtos, com os moldes que queria. Tinha liberdade e não trabalhava para ninguém. Apenas para mim. 
Como funciona o processo de compra da raquete na GF Padel?
Temos uma relação direta com o cliente. Normalmente, os clientes preenchem um questionário, onde perguntámos coisas básicas: com que raquetes jogam ou quais são as que mais gostam; onde vivem, para perceber o clima e a humidade que existe – as raquetes variam conforme as condições onde se joga; se têm um braço forte; se é jogador de potência ou de controlo… Fazemos uma série de perguntas e, com isso, e o conhecimento que tenho, recomendo a raquete que entendo ser melhor para o jogador. Temos cerca de 99% de acerto. No fundo, falo com o cliente, perguntando o que procura… Muitas vezes dizem que querem sacar por três e jogar com o Lebrón (risos). Mas isso é impossível… Aí, pergunto-lhe se normalmente conseguem fazer isso. Respondem-me que quase nunca, mas querem uma raquete com a qual consigam. Respondo-lhes que para isso, o que precisam é de um professor… É por isso que peço sempre que sejam sinceros. Se me dão informações erradas, como dizer que jogam num nível alto e na verdade não o fazem, fica complicado ajudar a escolher a combinação certa. Há quem pense que uma raquete de um profissional vai fazer alguém jogar melhor… Quase ninguém consegue jogar com a raquete do Belasteguín. É uma raquete muito dura e 99% dos jogadores não consegue jogar com ela… As marcas não vendem as raquetes iguais às dos profissionais. 
O que é que distingue a GF Padel das outras marcas?
A relação direta com o cliente. Não podes ligar a uma marca e falar com o gerente, dizendo que raquete queres. Para além disso, dentro da nossa marca, temos cerca de 300 combinações diferentes para as raquetes. Ninguém oferece isso. Há ainda a questão estética, já que podes colocar o teu nome e escolher entre algumas cores ou o tipo de cordão para o pulso.  
Como conseguem ter essas 300 combinações?
Temos cerca de sete moldes diferentes. Na internet só apresentamos os mais procurados, mas se me pedirem, posso usar até sete. Por cada molde, temos 15 combinações diferentes de gomas. Depois temos diferentes tipos de carbonos… 
Tem números sobre a fidelização dos clientes?
Diria que cerca de 90% das pessoas que compram uma GF Padel, compram uma segunda mais tarde. Temos clientes que depois de nos comprar uma, tentam jogar com outra marca, mas acabam por voltar a comprar uma GF Padel. Nós procuramos sempre oferecer os melhores materiais. No mercado, não existe melhores… É impossível superar a nível de qualidade. Quando surge algo de novo, se for melhor eu incorporo na marca. 
Onde é que são fabricadas as GF Padel?
Todas as nossas raquetes são fabricadas em Espanha, em Almeria. Dentro da fábrica, temos uma linha de produção nossa. Temos materiais exclusivos da nossa marca, como é o caso dos moldes Slam e Tour.
Fazendo uma raquete à medida, quanto tempo é preciso esperar para a receber?
Normalmente, o que digo aos clientes é que são 60 dias, mas acabamos sempre por entregar mais cedo. Prefiro sempre dar uma margem maior e antecipar o envio. Mas também temos alguns modelos para entrega imediata, se coincidirem com o que o cliente procura. Aí, em 48 horas, recebem a raquete em Portugal.
Quantas produções fazem por ano?
Como damos uma grande atenção ao cliente, dando um prazo alargado para fazer a recolha dos pedidos, isso reduz o número de produções. O que queremos, é que a qualidade da atenção ao cliente não seja desvirtuada. Não queremos ser concorrência para as marcas grandes, mas as marcas grandes acabam por não ser também concorrência para nós. O cliente que chega à GF, procura algo que não encontra nas outras marcas. Ou quer um trato especial, ou procura algo mais exclusivo. 
Qual é o perfil do vosso cliente?
Normalmente, chegam-nos dois tipos de clientes: Há o cliente que tem um alto nível e entende de raquetes de padel – essa é uma percentagem elevada, mas há também os clientes que conhecem a GF pelo ‘boca a boca’. São recomendados por outros clientes. 
Trabalhando com os melhores matérias e fabricando em Espanha, como conseguem fazer valores a baixo dos praticados pelo mercado?
Eu utilizo sempre os materiais mais caros e, quase sempre, os materiais mais caros são o melhores… Mesmo assim, conseguimos oferecer preços competitivos por fazermos a venda direta ao consumidor final. Saltamos os intermediários. Não trabalhamos com lojas, clubes ou comerciais. Isso evita o pagamento de comissões. Também não fazemos nenhum tipo de patrocínios e toda a empresa está centralizada em minha casa. Também não tenho custos com armazéns ou outro tipo de estruturas. Procuramos fazer um preço justo, sem sermos gananciosos. Sei que há marcas que compram as raquetes a 40 euros no Paquistão e vendem na Europa a 250 ou 300 euros… Nós procuramos que as percentagens sejam justas na relação qualidade/preço, permitindo que a GF Padel continue a ser competitiva. 
A inflação tem tornado o negócio mais difícil?
Começa a ser muito caro fabricar em Espanha e exemplo disso é o fecho da fábrica da Star Vie, que era a maior em Espanha. Em 2024, já vão fabricar tudo no Paquistão e há rumores que algumas marcas também vão fabricar no Vietname. Em Espanha, apenas estão a fabricar marcas pequenas. As grandes, estão a ir para a Ásia, por que querem o produto muito económico, para que as margens de lucro sejam as mais altas possíveis. 
A GF Padel tem sido obrigada a subir os preços?
Tivemos de subir a nossa tarifa duas vezes no último ano e meio, mas a fábrica subiu-nos o preço por quatro vezes no mesmo período…
Em que patamar coloca a GF Padel a nível de qualidade?
Eu sempre fui adepto e jogador de padel, por isso sempre pretendi oferecer a melhor qualidade possível. Esta é a minha paixão e não quero estar associado a um mau produto. Só posso ser um bom vendedor, se acreditar no produto que estou a vender. Para isso, tenho de saber que o produto é muito bom. Não sei se é o melhor do mercado, já que teria de conhecer todas as marcas e todos os materiais que usam. Hoje há marcas que fazem produtos de muita qualidade. Nós somos uma delas… 

 
                         
                                                         
                                                         
                                                        